Francisco Danei Massari nasceu em Ovada, Itália, aos 3 de Janeiro
de 1694, tendo-se mudado, mais tarde, para Castellazzo-Bormida, não muito longe
da sua terra natal. No dia da profissão religiosa, conforme o costume do tempo,
trocou o nome de batismo pelo de Paulo da Cruz. O ambiente familiar de Paulo era sereno, mas também austero, fosse
pelas frequentes visitas da morte, fosse pelo tipo de educação. Através de
palavras e exemplos, os pais estimulavam os filhos à uma profunda fé em Deus, à
um grande amor a Jesus Crucificado, o ideal dos santos, a retidão de vida e a
solidariedade para com os pobres.
Com o deslocamento frequente de sua família (por questões
econômicas e políticas), Paulo ficava impossibilitado de frequentar as aulas
com regularidade. De certo, que isto contribuía para ampliar o contato com
várias regiões e cidades, tornando-o, desta forma, uma pessoa de caráter
aberto, capaz de valorizar as realidades das diferentes "nacionalidades"
ou regiões, ajudando-o, de forma especial, a aproximar-se, no futuro, das
pessoas de qualquer nacionalidade ou classe social. Sua mãe ensinou-o a ver na
Paixão de Jesus Cristo a força para superar todas as provas e dificuldades.
Assim, enamorado de Jesus Crucificado desde criança, quis
entregar-Lhe toda a sua vida. Ouvindo a pregação de um sacerdote, o Senhor
iluminou-o relativamente ao amor de Cristo Crucificado: foi o momento que ele
próprio chamou de "conversão". Por volta de 1715-1716,
desejoso de servir a Cristo, apresentou-se em Veneza e alistou-se no exército.
Queria lutar contra os turcos, que então ameaçavam a Europa, com mística de
cruzado. Enquanto adorava o Santíssimo Sacramento, numa Igreja, compreendeu que
não era aquela a sua vocação. Abandonou a carreira militar, serviu durante
alguns meses uma família e regressou a casa. Embora seu tio sacerdote
prometesse deixar-lhe toda a sua herança no caso de vir a casar, Paulo
renunciou à oferta.
No verão de 1720,
após receber a comunhão na Igreja dos capuchinhos, retornando para casa, tem
uma forte sensação de estar vestido de preto, com o nome de Jesus e a cruz
branca no peito. Segundo um testemunho, uma aparição da Virgem Maria permitiu-lhe conhecer o
hábito, o emblema e o estilo de vida do futuro Instituto, que teria sempre
Jesus Cristo Crucificado como centro. Neste período, Paulo já tem em mente que
deveria viver na solidão e pobreza, reunir companheiros e fundar uma
Congregação. Seus membros deveriam usar uma túnica preta para recordar a Paixão
e Morte de Jesus.
A partir desse ano, empreendeu o difícil caminho da fundação.
Viveu a princípio como ermitão em Castellazzo e a pedido de Mons. Gattinara,
Bispo de Alexandria, aos domingos, dava catecismo para as crianças. O mesmo
bispo, revestiu-o com o hábito da Paixão, aos 22 de novembro de 1720. Passou 40
dias na sacristia da Igreja de S. Carlos, em Castellazzo. As suas experiências
e o seu estado de espírito, durante aquela "quarentena",
conservaram-se até hoje com o nome de Diário Espiritual".
Além disso, elaborou um esboço das Regras, destinadas a possíveis companheiros,
aos quais chamava de "Os Pobres de Jesus". Em seguida, ao novo Instituto Paulo deu o nome de "Congregação
da Paixão de Jesus Cristo", porque ele entende o serviço da
Congregação como sendo o testemunho de uma vida virtuosa, na "conformação
com Jesus Crucificado, de modo que o povo, pelo simples fato de ver um filho da
congregação, seria levado a converter-se ou a perseverar no bem".
Concluída a experiência, o Bispo autorizou-o a viver na ermida de Santo
Estevão, em Castellazzo, e a realizar apostolado como leigo.
No Verão de 1721, viajou até Roma, no intuito de obter uma
audiência Papal para explicar as luzes recebidas sobre uma futura Congregação.
Os oficiais do Quirinale, onde residia o Papa, não o deixaram entrar,
pois pareceu-lhes tratar-se de mais um aventureiro. Paulo aceitou a humilhação
que o configurava a Jesus Crucificado e, na basílica de Santa Maria Maior,
perante a Virgem "Salus Populi Romani", fez voto de se
consagrar a promover a memória da Paixão de Jesus Cristo.
De regresso à sua terra, deteve-se um pouco em Orbetello, na
ermida da Anunciação do Monte Argentário. Ao chegar a Castellazzo, encontrou-se
com o seu irmão João Batista e, juntos, resolveram levar uma vida eremítica no
Monte Argentário. Depois, a convite de Mons. Pignatelli, deslocaram-se para a
ermida de Nossa Senhora, em Gaeta. Mais tarde, Mons. Cavallieri recebeu-os
durante algum tempo, em Tróia, tendo regressado a Gaeta, mas, desta vez, para o
Santuário da Virgem da "Civita", em Itri.
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